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segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Livro #112 - "Diário de uma Rapariga Desaparecida", de Marsha Forchuk Skrypuch

Nunca sei como começar uma review, mas desta vez tenho que começar pelo grande erro deste livro, o título. Originalmente "Stolen Child", a editora responsável por este livro teve a brilhante ideia de o traduzir para "Diário de uma rapariga desaparecida" ... o que é totalmente uma mentira. Este livro não é, nem de longe, um diário. Trata-se de uma narrativa através dos olhos de uma rapariga que sobreviveu à II Guerra Mundial e que se exilou no Canadá, fazendo-se passar por filha de um jovem casal ucraniano.
Títulos errados à parte, adorei este livro por ser bastante diferente do que normalmente se encontra neste tipo de literatura. Não se trata do relato de um judeu ou do inferno que foi sobreviver num campo de concentração. Trata-se de um tema que, pelo que sei, não é muito explorado dentro do tema II Guerra Mundial.
Hitler estava convencido que a raça ariana ia dominar o mundo, mas os casais alemães não estavam a reproduzir com a rapidez desejada (sabem, a história dos 9 meses de espera e tal), por isso engendrou um plano diabólico (como era seu costume). Começou a procurar crianças com características arianas, órfãos e mendigos de quem, supostamente, ninguém daria falta. Depois de sofrer uma lavagem cerebral e levadas a acreditar que os seus pais biológicos eram alemães e que os supostos pais com quem tinham estado até então eram ladrões e espiões, essas crianças eram inseridas em famílias alemãs apoiantes do regime. Tal ficou conhecido como o Projecto Lebensborn.
Em paralelo com a história de Nadia, ficamos também a conhecer a história de Marusia e Ivan, um casal ucraniano. Por norma, as pessoas lembram-se dos judeus, deficientes e gays e do que eles passaram às mãos dos nazis e é fácil esquecer que o resto das pessoas também sofreu e que foi usada como "carne para canhão", no caso de Marusia, foi colocada numa fábrica porque os nazis notaram que eram frequentemente bombardeadas, o que levava à morte de grande parte da mão de obra e não se podia parar a manufacturarão de armas e munições.
Gostei particularmente da parte em que no final do livro a autora escreveu uma pequena "introdução" ao tema que abordou no livro.
A escrita ... simples, bastante simples, o que é ideal, visto que a história está a ser contada através dos "olhos" de uma criança.
Recomendo bastante este livro ... mas não se deixem enganar pelo título ou até mesmo pela frase que aparece na capa: "Hitler tinha um plano para ela". É ideal para aqueles leitores que gostam do tema da II Guerra Mundial e que queiram ler algo diferente.






Editora: Oficina do Livro
Idioma: Português
Nº Páginas: 208
Sinopse: Nadia chega ao Canadá após a II Guerra Mundial, depois de passar cinco anos num campo de deslocados. Começa então a ser assombrada por memórias perturbadoras e terríveis pesadelos. Quem é ela na verdade? Assaltam-na imagens de outra família, de uniformes nazis, de Hitler. Poderá acreditar no que os sonhos lhe dizem?