Acho que as pessoas não fazem ideia das diferenças entre gostar de cinema e estudar cinema. Eu não sabia e tenho a dizer que isso não são boas notícias.
Quando decidi tirar a licenciatura em Cinema, inocente, tinha aquelas ilusões que ia ser tudo maravilhoso, que ia ser, bem, como um filme de Hollywood, daqueles mesmo clichés ...
A realidade e o meu imaginário não podiam estar mais distantes um do outro.
Começou com a escolha da faculdade. Acho que não podia ter escolhido pior faculdade, a começar pelos professores. Só porque as pessoas são boas profissionais não quer dizer que sejam bons professores. Porque é exactamente isso que aconteceu, grandes profissionais, de grande renome no mundo do Cinema e afins, mas professores horríveis. O que sei hoje sobre o Cinema foi porque aprendi por iniciativa própria, curiosidade em descobrir como as coisas funcionava e afins. Aprendi mais fora da faculdade do que nos três anos que lá andei.
Com tudo isto, desde cedo que o meu fascínio pelo Cinema começou a desvanecer. Era difícil encontrar um filme que gostasse ou que me prendesse a atenção e passava mais tempo à procura de erros cinematográficos ou a citar teorias do que a ver propriamente o filme.
O que de bom surgiu desses três anos (sem falar em amizades) foi uma tradição que até hoje se mantém. Todos os anos, no decorrer do mês de Fevereiro, vejo todos os filmes nomeados para os Oscars e no dia da cerimónia não há cá sono que me apanhe.
Este ano não é excepção. Acho que pela primeira vez não vou passar o fim de semana da cerimónia a ver filmes non-stop, uma vez que já vi todos os nomeados, com excepção dos filmes que não consegui encontrar on-line.
Mas apesar de tudo o que contei em cima, houve um ano que mudou tudo. Estava eu na minha depressão cinematográfica e decorria o ano de 2012. No meio da carrada de filmes que tinha para ver antes da cerimónia desse ano encontrava-se "A Invenção de Hugo". Mesmo que não estivesse nomeado seria um filme que acabaria por ver, uma vez que foi realizado pelo Martin Scorsese.
Ainda antes do final já eu estava rendida e foi como se tivesse redescoberto a magia do cinema. Aquele filmes era o relembrar do porquê eu tinha escolhido aquela área e o porquê de gostar de Cinema tanto quanto gosto.
Sabe bem ser surpreendida de vez em quando. Até hoje, nunca mais entrei em depressão cinematográfica.