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quinta-feira, 9 de abril de 2015

new start.

Tenho andado tão atarefada que nem tempo tenho para vir aqui desabafar. Estas duas últimas semanas foram um correrio e, por muito que me queixe, até sabe bem.
Vamos pelo principio. Despedi-me. Eu disse que este ano ia começar a ser mais egoísta e que iria começar a fazer as coisas á minha maneira. Como já tinha dito, nunca tive tensões de subir de posto na companhia de teatro onde estava, mas só porque não quero subir de chefe de produção para patroa não quer dizer que os outros têm direito a mandar na minha equipa, no meu trabalho e que cheguem mesmo a insultar e desvalorizar o trabalho que uma equipa de produção faz.
Eu não desvalorizo o trabalho dos actores, muito pelo contrário, mas o que muitos deles não se lembram é que eles ensaiam uma ou duas vezes por semana (se tanto) fazem o espectáculo e já está. A equipa de produção trabalha a semana toda, de manha á noite. E agora digam-me, é justo que essa mesma equipa receba menos que os actores? Não, mas o mal nem estava aí, eu sabia quanto ia receber quando aceitei trabalhar na companhia. O mal está quando os actores que não sabem patavina de produção se querem meter nesses assuntos e lhes chamam de insensitivo.
Passo a explicar. Cada elemento da produção recebe 10% do valor de cada espectáculo. Trata-se de uma equipa de duas pessoas, o que perfaz um total de 20% para a produção e o resto é dividido entre actores, fundo de caixa e despesas de deslocação.
Foi sugerido por um dos actores que apenas a pessoa que faz a marcação do espectáculo receba a percentagem total de 10% e que a outra pessoa receba uma percentagem inferior, sendo que o restante seja distribuído pelos actores ou fundo de caixa.
Nós trabalhamos que nem umas escravas e recebemos uma esmola (eu no ultimo espectáculo recebi o suficiente para me pagar o almoço nesse dia) e ainda querem diminuir mais o dinheiro que recebemos baseado na sorte que uma de nós possa ter em encontrar uma escola que esteja disposta a receber uma peça de teatro? MAS ESTÃO A GOZAR COM A MINHA CARA?
Em primeiro lugar não foi o combinado quando comecei a trabalhar lá e segundo, por muito que goste de ajudar as pessoas, também tenho as minhas despesas e não vou tirar do meu bolso para encher os bolsos dos outros que já por eles recebem o seu salário.
Claro que quando me vim embora ficou aquele vazio e a pergunta "o que raio vou eu agora fazer á minha vida?". Sempre me debati com o facto de achar que estava aqui só por estar, que nada do que fiz até agora deixou uma marca. Típicas perguntas existenciais.
Desde a faculdade que o pessoal anda a chatear-me a cabeça (e também a uma amiga minha) para abrirmos a nossa própria produtora. A minha dúvida nunca foi se tinha capacidades para abrir e levar avante a minha própria produtora, a minha dúvida é referente á minha capacidade de comandar, de impor respeito e de ser "visível". Pelo amor da santa, ainda há uns dias um cliente entrou no escritório do armazém, olhou-me nos olhos e foi-se embora e quando o meu pai lhe disse que eu estava no escritório ele disse-lhe "eu não vi lá ninguém" (diga-se de passagem que se já não ia com a cara do homem, agora nem o posso ver a frente). São esse tipo de situações que me fazem sentir insignificante e incapaz de ser patroa de quem quer que seja.
E depois há aqueles momentos chaves na vida. Não importa se é uma saída, uma conversa ou um filme. No meu caso foi uma música.
Sempre tive tendência a gostar das musicas pelas suas mensagens e que se lixasse o estilo em que se inseria. E no meio de todas as músicas que ouço eis que surge esta:

E foi simples. Que mais podia fazer depois de ouvir esta música e ver este video?
Meti mãos há obra e posso afirmar, com orgulho, que a nova companhia de teatro tem mais projectos e apoios do que a companhia onde trabalhei por quase dois anos teve no decorrer da sua existência. Ponto positivo, ainda não temos atores ou qualquer referência social na net. Se nós num espaço de duas semanas conseguimos tudo isto, imaginem o que será possível daqui para a frente.
Posso dizer que o nosso bebé ainda não nasceu oficialmente, mas já me deixa bastante orgulhosa e a equipa que temos até agora ainda mais orgulhosa me deixa.
E é este o meu motivo para estar desaparecida em combate. Juntem a isto as limpezas da Páscoa, o trabalho no armazém e as leituras extras que este novo projecto obriga e temos uma Diana a mil há hora e sem tempo para o que quer que seja extra.